sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Responsabilidade dos Professores da Escola Dominical

Por: Altair Germano

A responsabilidade no processo seletivo de professores para a Escola Dominical, geralmente recai sobre o superintendente/dirigente/gestor e o pastor da congregação, enquanto que a de dirigente/superintendente/gestor geralmente é de competência dos pastores de congregações ou presidentes de igrejas. Alguns critérios precisam ser observados neste momento, para que problemas dos mais diversos não surjam depois.

Em primeiro lugar, é essencial que o candidato à direção/docência na Escola Dominical seja alguém vocacionado por Deus. Títulos acadêmicos e cursos podem ajudar, mas, para a docência cristã, sozinhos não produzirão os frutos desejáveis. Quem foi vocacionado por Deus sabe que foi, e manifesta sinais de sua vocação, tais como o amor pelo ensino, dedicação no estudo da Bíblia, prazer de estar em sala de aula e habilidades próprias para a função. O candidato à direção/ensino na Escola Dominical precisa passar por um tempo de observação, onde a percepção de sua vocação se consolidará ou não. É preciso ter experiência prática no chão da escola (sala de aula), para somente depois ser efetivado na função.

Outra questão fundamental no caso de docentes é direcionar o candidato para uma faixa etária de alunos, na qual ele se identifique. Nem todos os professores se acham habilitados ou inclinados para ensinar crianças. Há também aqueles que evitam as salas com adolescentes e jovens. Existem também professores que não se enquadram no perfil da docência para a terceira idade. Uma boa conversa com o candidato à docência, seguida de um breve estágio se faz necessário.

Durante muitos anos, o departamento infantil da Escola Dominical sofreu com a falta de critérios na seleção de professores. Geralmente se achava que “qualquer um” estaria apto para ensinar crianças. Nos novos tempos, tal postura é inadmissível. As descobertas científicas no campo psicopedagógico, as facilidades de acesso a cursos especializados, os recursos literários disponíveis, tudo isso contribui para que professores devidamente qualificados tecnicamente, assumam o trabalho com as crianças e com as demais faixas etárias.

Lembro-me que certa vez, ao passar em frente a uma sala de aula infantil, as crianças estavam todas de joelhos orando. Num primeiro momento achei louvável a atitude do professor em proporcionar um momento de oração. Só depois da aula, quando fui parabenizar o referido “mestre”, foi que o mesmo me falou que a oração era uma ação punitiva e disciplinar, visto que os alunos estavam dando muito trabalho naquela manhã. Por aí se tira o despreparo do professor. No mínimo, alguns alunos passarão a associar a oração com castigo. Dá para imaginar as conseqüências negativas deste ato? Acontece que estamos citando apenas um dos inúmeros casos que envolvem professores não vocacionados ou despreparados na Escola Dominical.

Atenção e critérios rígidos no processo seletivo de dirigentes/docentes para a Escola Dominical, não é mera “inovação desnecessária”, é atitude prudente, desejável e esperada de líderes comprometidos com a qualidade e com a excelência no processo de administração, ensino e aprendizagem nos novos tempos.

Fonte: O Galileo

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Liderança: Uma Necessidade de Confirmação

Há muitos líderes que deveriam estar em outra posição, menos na liderança. Os líderes não são apenas escolhidos por homens, mas pela vontade soberana de Deus. Temos visto em muitas igrejas, líderes que não possuem nenhuma capacidade para liderar pessoas. Alcançaram a liderança por seu alto dízimo, ou pela morte do pai, ou por alguma influente família que há na igreja. É a vontade de Deus, e não a nossa, que deve ser feita assim na terra como no céu.
O ilustre escritor Michael Yossef, em seu livro O estilo de liderança de Jesus, escreve sobre a necessidade do líder ser confirmado antes de exercer a sua liderança. Para fundamentar sua tese, cita o clássico exemplo da liderança de Jesus. O evangelho de João mostra que Jesus estava sempre dando provas daquilo que afirmava acerca de Si mesmo.
Aplicaremos esse principio à liderança espiritual na igreja, observando o nosso maior exemplo, a liderança de Jesus.

1) O testemunho de João Batista (Jo 1.29) - João Batista foi o precursor de Jesus. Ele viu o Espírito Santo descer sobre Ele no Jordão. Vendo que Jesus se aproximava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim” (Jo 1.29,30). João compreendia claramente sua missão e não quis ir além daquilo que lhe foi designado. Logo que Jesus se manifestou, João saiu de cena. Ele disse, com absoluta certeza: “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). O papel de João foi como o de uma telefonista: logo que introduz a pessoa com quem precisamos falar, sai de cena.

2) O testemunho do Espírito (Jo 1.32,34) – O Espírito Santo abençoou Jesus na ocasião do seu batismo, quando desceu sobre Ele. E o Espírito permaneceu Nele (Jo 1.32-34). A presença do Espírito Santo deu a Jesus autoridade para falar e realizar milagres (Lc 4.36). Jesus não abriu mão do poder do Espírito Santo em sua vida e ministério. O Espírito desceu sobre Ele no batismo (Lc 3.21,22). Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo (Lc 4.1,2). Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia (Lc 4.14). Ele entrou na sinagoga de Nazaré, tomou o rolo do livro de Isaías em suas mãos e leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim….” (Lc 4.18). A Bíblia é clara quando diz: “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder….” (At 10.38).

3) O testemunho do Pai (Jo 5.37) – O próprio Pai que enviou a Jesus é quem deu testemunho a seu respeito: “O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim” (Jo 5.37). No Jordão, quando Jesus foi batizado, de forma pública o Pai deu testemunho acerca Dele. O evangelista Mateus registra as palavras do Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). No monte da transfiguração, o Pai demonstra a singularidade do seu Filho e sua supremacia sobre Moisés e Elias, dizendo: “…. este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi” (Lc 9.35).

4) O testemunho das Escrituras (Jo 5.39) – O Antigo Testamento confirma o ministério de Jesus. Os patriarcas falaram Dele. Os profetas apontaram para Ele. Seu nascimento, seu ministério, sua morte e sua ressurreição foram profetizados. Jesus mesmo disse: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39). Jesus é o centro das Escrituras. O A.T o profetizou; o N.T falou de sua vida, de seu ministério, de sua morte e de sua ressurreição. A Bíblia começa com a promessa de sua vinda (Gn 3.15) e termina com a promessa de sua volta gloriosa, sua vitória triunfante e seu reino eterno (Ap 19.11-21).

5) O testemunho dos discípulos (Jo 6.68) – Os discípulos acompanharam Jesus, ouviram seus ensinamentos, viram seus milagres, creram Nele, foram transformados por Ele. A seu respeito, disse Pedro: “…. Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). Pedro também disse: “…Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Os líderes de hoje, certamente, não lideram com as mesmas qualificações singulares de Jesus. Mas o principio permanece: a chamada para a liderança precisa ser confirmada. Um líder é vocacionado por Deus, escolhido pelo povo de Deus e deve ser um referencial para os que estão de fora.
O apostolo Paulo instruindo a Timóteo sobre a ordenação dos oficiais da igreja, disse: “É necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (1 Tm 3.7).

Que analisemos nossas vidas e, principalmente nossas lideranças, se estas passam no crivo da Palavra de Deus. Nossa liderança foi confirmada por Deus, pela sua Palavra, pelo Espírito e pelos nossos irmãos? É tempo de revermos nossas lideranças e ver se estamos verdadeiramente fazendo o que Deus nos mandou, ou se estamos “trocando os pés pelas mãos” e assim, tomando o lugar que é do próximo.

Por: Pr. Marcelo Oliveira


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mal(ben)dita Cidade

Na Bíblia, o tema da cidade é um dos mais relevantes. O nascimento da cidade tem origem na arrogância humana e na independência do homem em relação a Deus. É a linhagem de Caim que dá início à cidade: “Depois Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome do seu filho Eno­que” (Gn 4.17b). Caim representa a auto-suficiência humana. Tendo perdido o Éden, o homem está diante da ruptura ecológica da terra que agora produzirá “espinhos e ervas daninhas” (Gn 3.18). A solução humana é apostar em Caim, que não só se revela ingrato para com Deus, mas comete o primeiro assassinato da história bíblica. Caim amplia a ruptura com Deus, com o próximo e com a terra. A solução para os seus problemas é uma só: “fundar uma cidade”. Portanto, a cidade surge como a marca maior da arrogância humana contra Deus. Acompanham a cidade, o surgimento da ciência, da economia e da arte (Gn 4.20-22). O ápice desse progresso perverso aparece quando o texto de Gênesis afirma que o sétimo depois de Adão, pela linhagem de Caim, é Lameque, o primeiro bígamo da história, grande “precursor dos filmes de ‘ação’ de Hollywood”. Os “efeitos especiais” até fazem parte do discurso dele: “Ada e Zilá, ouçam-me; mulheres de Lameque, escutem minhas palavras: Eu matei um homem porque me feriu, e um menino, porque me machucou.” O quadro é simplesmente assustados e apavorante!

Não muito tempo depois, a situação da cidade piora ainda mais. Em Gênesis 11, os homens querem construir uma cidade que pudesse invadir o céu. No mesmo espírito de Caim, eles agora aprofundam a arrogância humana, dizendo: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso ­e não seremos espalhados pela face da terra” (Gn 11.4). A gramática hebraica permite que a expressão “cidade, com uma torre” seja traduzida por “cidade que cresce para o alto”. Como os antigos achavam que o céu estava a cerca de dois quilômetros da terra, a idéia era “invadir o céu”. Era uma espécie de movimento dos “sem céu”, ou dos “invasores do condomínio celestial”. Os homens já “sem terra” e “sem céu”, tornam-se agora “sem comunicação”! De fato, o movimento inicial das cidades cresceu desordenadamente e foi um grande desastre.

Mais uma vez, só Deus para salvar o enredo humano. De forma inesperada, Deus surge da maneira como ninguém poderia esperar. Deus resolve dar início à redenção da cidade por meio de sua própria iniciativa. Por incrível que pareça, Deus constrói e age a partir da mais soberba rebeldia humana. A ação redentora e salvífica de Deus na história tem seu grande centro na monarquia davídica. A própria figura do rei surgira também como sinal da rebeldia e arrogância humana contra Deus (1Sm 8.5-7). Ao querer um rei, imitando os demais povos pagãos, o povo de Israel estava rejeitando a Deus. No entanto, Deus, surpreendentemente não só escolhe um rei, Davi, como também elege uma cidade, Jerusalém. Os símbolos maiores da auto-suficiência e independência humanas tornam-se símbolos da intervenção redentora divina. A suprema derrota transforma-se em vitória absoluta! Os textos bíblicos são inequívocos: “Darei uma tribo ao seu filho a fim de que o meu servo Davi sempre tenha diante de mim um descendente no trono em Jerusalém, a cidade onde eu quis pôr o meu nome (1Re 11.36)” e: “Não jurem de forma alguma: nem pelos céus, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei (Mt 5.34,35). Como podemos ver, a monarquia davídica e a cidade de Jerusalém tornam-se o principal palco da intervenção divina na história em favor do homem pecador.

Todavia, a história ainda não termina aqui. O mais surpreendente de tudo aparece no Apocalipse, quando o desfecho da história humana traz de novo a figura da cidade. O texto sagrado é de “parar a respiração”: “Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia. Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Ap 21.1-5). Que coisa! A Nova Jerusalém parece o Éden “urbanizado”. Parece que o antigo jardim passou por um projeto de “arquitetura celestial”. O Éden da redenção é melhor do que o da criação! A cidade que marcou o início do pecado humano é agora marca máxima da redenção. A cidade humana sobe do chão, a cidade de Deus desce dos céus. A cidade humana é efêmera, a de cidade de Deus é eterna. A cidade humana trouxe fragmentação e dor, a cidade de Deus traz união e cura. Deus faz questão de mostrar sua vitória a partir do símbolo máximo do poderio e independência humanos. É surpreendente e verdadeiro: Deus traz a redenção a partir da pior desgraça humana. Diante dessa palavra de esperança e de vitória, olhe lá fora e veja como o sol está mais brilhante, o céu está mais azul, e o ar está menos poluído. Amém!!!

Luiz Sayão – Teólogo. Hebraísta. Coordenador Geral de Tadução da Bíblia NVI.