Foto
tirada no 8° Congresso Nacional de Escola Dominical ocorrido de 12 a 15
de Março de 2015 em São Paulo - SP. Na foto: Marta, eu e Pastor Antônio
Gilberto.
É
um privilégio para nós congressistas ouvir e aprender com este grande
homem de Deus. Que o Pai Misericordioso multiplique seus anos de vida
entre nós e que todos eles sejam atuando sempre na direção do Espírito
Santo para o nosso crescimento no Senhor.
Por Gutierres Fernandes Siqueira
O Blog Teologia Pentecostal teve o privilégio
de entrevistar o pastor e teólogo Antonio Gilberto da Silva. É consensual entre
os assembleianos que o pastor Gilberto é a maior referência teológica da
denominação. Neste ano Antonio Gilberto completa 86 anos. Ele é mestre em
teologia, bacharel em psicologia, pedagogia e letras. É também mestre em
educação pela Biola University, nos Estados Unidos. É membro da diretoria da Global University (GU), um complexo
universitário das Assembleias de Deus norte-americana (AG). É também consultor
doutrinário e teológico da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD)
desde 1997. Ainda atua como membro da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). Foi
membro do Conselho Mundial de Evangelismo do Congresso Mundial de Lausanne
(Suíça). Ele também trabalhou na edição da Bíblia
de Estudo Pentecostal (BEP), que foi publicada em dezenas de idiomas e está
publicada em inglês como The Full Life
Study Bible pela editora Zondervan. É autor de diversos livros como: Manual da Escola Dominical (também
publicado em espanhol), Crescimento em
Cristo, A Prática do Evangelismo
Pessoal, A Bíblia Através dos Séculos,
O Fruto do Espírito (derivado de um
trabalho maior em inglês), Verdades
Pentecostais e editou a Teologia
Sistemática Pentecostal. Todas as obras foram publicadas pela CPAD. É autor
de diversas Lições Bíblicas e é também
membro da Academia Evangélica de Letras (AEL). Formou o CAPED, um curso de
aperfeiçoamento de professor de Escola Dominical e atuou como professor de
escolas teológicas das Assembleias de Deus no Brasil, Estados Unidos e Europa.
Apesar do vasto currículo acadêmico o que mais chama
atenção no pastor Gilberto é a forma simples e piedosa de falar. Um exemplo
para a atual geração. Vejamos essa entrevista agora.
01)
Vários professores de teologia, especialmente conservadores, manifestam
preocupação com o avanço do liberalismo teológico na sua versão pós-moderna
entre os pentecostais. Há, inclusive, pentecostais levantando bandeiras da
Teologia da Liberação, uma teologia que parecia até morta na década de 1990. O
senhor enxerga tal fenômeno como relevante, ou seja, como motivo real de
preocupação? Se sim, quais são as causas desse crescimento e como podemos
responder ao fenômeno?
Sim,
há um crescimento. E uma das causa é: a multiplicação do conhecimento secular.
Eu não estou criticando, mas vemos apenas uma multiplicação do conhecimento
secular sem o conhecimento divino, espiritual. Ficam acadêmicos maravilhosos- e
eu não estou criticando, pois seria um absurdo criticar a academia-, porém o
conhecimento secular sem conhecimento espiritual é uma falta. O conhecimento
bíblico (ou espiritual) vem através do Espírito Santo.
E
hoje não existe sabedoria secular. E ainda há sabedoria bíblica pelo Espírito
Santo. O conhecimento bíblico sem sabedoria bíblica gera fanatismos e exageros.
E sabedoria espiritual sem conhecimento bíblico gera estagnação, pois a matéria
prima da sabedoria é o conhecimento. É só pegar Romanos 11 e 1 Coríntios 12 e
veremos a diferença e a complementaridade entre conhecimento e sabedoria.
Então,
a razão dessa distorção na teologia contemporânea é a multiplicação do
conhecimento sem sabedoria. Como ilustração vamos lembrar Daniel 12.4 onde está
escrito: “e a ciência se multiplicará”. E aí Daniel para. Ele não diz: “e a
sabedoria se multiplicará”. E é isso que está acontecendo, pois há um avanço do
conhecimento sem o avanço da sabedoria. Eu não estou criticando, volto a
dizer. E nesse texto, cabe explicar, a palavra ciência pode ser traduzida em
português como “conhecimento”. O sentido aqui não é avanço tecnológico, mas
conhecimento como teoria.
Hoje
vivemos um tempo onde nem mesmo o Batismo no Espírito Santo está sendo
cultivando. Deus quer nos encher da plenitude do Espírito, mas Ele não viola
nossa liberdade. Portanto, cabe a nos voltarmos a buscar essa sabedoria do alto
a fim de não causarmos distorções advindas do conhecimento isolado.
E
falando sobre Teologia da Libertação deixe-me recordar uma história, uma
experiência pessoal. Fui professor do Instituto Bíblico Pentecostal (IBP) por
22 anos. E naquele período eu ministrava aulas de heresiologia. Na ocasião eu
escrevi um texto criticando o marxismo-leninismo. Isso ainda era a década de
1960. Anos depois, no final da década de 1980, fui convidado por uma
universidade europeia a escrever o material didático daquela escola. E numa das
semanas eu estava de folga e aproveitei para passear. Na ocasião eu estava em
Bruxelas (Bélgica) e vi uma agência de viagens da União Soviética (URSS). Eu
ali entrei e disse: “Boa tarde. Sou brasileiro e quero fazer uma pergunta: como
faço para ir a Moscou e quanto tempo é de viagem?”. O funcionário solicitou
minha identidade e pediu para eu aguardar um tempo. Na volta o rapaz, que era
muito educado, me disse: “sua entrada em Moscou está proibida”. E eu perguntei
o motivo, até um tanto surpreso e espantado. E ele me disse: no ano X o senhor
escreveu um artigo contra o marxismo-leninismo. E eu perguntei: “e se eu fosse
mesmo assim”. E ele me respondeu: “o senhor iria preso”. E eu novamente
perguntei: “e iria ser mandado para embaixada do Brasil?”. E ele: “Não, o senhor
seria mandado para a Sibéria”. Como é que um artigo meu era conhecido por uma
agência da União Soviética na Bélgica? E olha, nem existia a internet naquela
época como conhecemos hoje. Eu nunca me esqueci dessa experiência com o estado
policial.
02)
A igreja Assembleia de Deus norte-americana (AG) tem produzido acadêmicos que
influenciaram e, ainda, influenciam o evangelicalismo como um todo. Ou seja,
são teólogos que não falam apenas para pentecostais. Nomes como Gordon D. Fee e
Craig S. Keener são tidos como exegetas de referência mesmo para aqueles que
nunca pisaram numa igreja pentecostal. O senhor é também um nome muito
respeitado no Brasil como teólogo profissional, mas comparado com o tamanho da
Assembleia de Deus brasileira, ainda são poucos os nomes pentecostais de
influência nos demais círculos protestantes. Qual o motivo? Falta apoio da
própria denominação? Ou será uma visão mais preconceituosa dos evangélicos
tradicionais para com os acadêmicos pentecostais no Brasil?
Eu
conheço o Dr. Gordon Fee pessoalmente e isso que você fala é uma verdade.
Agora, eu diria que o nosso problema no Brasil é falta de patrocínio. Eu viajo
bastante e vejo isso em toda parte: a falta da disposição em apoiar os
ensinadores. As igrejas não apoiam, as convenções não apoiam, os empresários
cristãos não patrocinam. E quem vai pagar a conta? Estudar custa caro, muito
caro. Resultado disso: temos talentos maravilhosos por aí que são
desperdiçados. Eu mesmo recebo um volume enorme de escritos, pela misericórdia
de Deus, na Casa Publicadora onde atuo como consultor doutrinário e teológico,
e até do exterior, mas não há patrocínio da igreja pentecostal no Brasil a
esses talentos.
E
outra causa: o desestímulo. Muitos jovens e até velhos recebem o chamado
divino
para o ensino e a gente nota a falta de estímulo. Muitos nas igrejas
dizem aos ensinadores que larguem tal tarefa. E dizem: - vamos buscar a
Deus e
deixemos isso pra lá, etc. Eu já vi casos até de pessoas chamadas ao
ensino
totalmente reclusas em suas igrejas. E aí vemos como a nossa igreja
sofre nessa
área.
03)
Nos últimos meses cresceu entre os assembleianos a velha (e boa) disputa
soteriológica do protestantismo. De um lado, um grupo defende o revigoramento do
arminianismo. Do outro lado, um grupo menor, mas não menos relevante, tem
defendido o calvinismo. Ambos, e com muita razão, têm combatido o
semipelagianismo que contamina muitos dos nossos púlpitos nas Assembleias de
Deus. Como o senhor se posiciona nessa polêmica?
Ótima
pergunta. Essa questão é problema de equilíbrio. Sabemos que a Bíblia do
princípio ao fim diz: “não vos desvieis, nem para a direita, nem para a
esquerda”. A Bíblia nunca diz o contrário: “não vos desvieis, nem para a
esquerda, nem para a direita”. E essa ordem não é por acaso. Por que digo isso?
Eu já estudei na Europa e pesquisei bastante na Inglaterra, Escandinávia e na
Alemanha e vi de perto a influência do calvinismo e, na minha visão, Calvino
exagerou. Coitado, ele não está aqui para se defender, mas Calvino
exagerou, especialmente na questão da predestinação. E irmão Gilberto, a
predestinação não está na Bíblia? Claro que está. Eu mesmo já escrevi um
trabalho (paper) da predestinação à luz da Bíblia. A predestinação do
calvinismo é um erro de interpretação, pois a predestinação bíblica é para quem
já é salvo e eleição bíblica está em Cristo. Ora, o ensinamento de que uma “vez
salvo para sempre” é antibíblico. A Bíblia trabalha com a ideia de apostasia.
Mas, é claro, eles trabalham com tantos argumentos que nos cativa. Eu convivo
muito bem com os irmãos presbiterianos, mas não posso concordar com esse desvio
do equilíbrio bíblico.
O
arminianismo está na Bíblia. Mas há também um desequilíbrio à direita, ou seja,
um desequilíbrio para o lado certo. Há muitas coisas boas, mas existe também
uma tendência ao exagero. Irmão Gilberto, qual é o exagero? Ora, o excesso de
autonomia do indivíduo. E o neopentecostalismo nasce nesse contexto. O humano é
tão autônomo que dá até ordens em Deus. Onde está na Bíblia essa ideia de “nova
unção”, “movimento da fé”, “bênção de Toronto” etc.? Ou seja, são seres
excessivamente livres ao ponto de determinar o modo de operar de Deus.
Eu
já ouvi coisas que fiquei até gelado. Certa vez em um evento eu ouvi um
pregador de origem pentecostal dizer: “Irmãos, precisamos desenvolver a nossa
fé. A fé inata. A fé que temos desde bebês. Ponha a sua fé em ação, pois sua fé
é inata. Ordene, pois inclusive você pode dar ordens para Deus. Ordenar a Deus
é colocar a fé que está em você para fora”. Ora, isso é um erro grave. Um erro
que me deixou gelado. A Bíblia não ensina esse conceito de fé inata. A fé
sempre vem de fora, de Deus. A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos
10.17) e pelo papel do Espírito Santo que produz fé. Isso é um arminianismo
exagerado.
Evitemos
os exageros. Fiquemos no centro. E para ilustrar lembro a passagem de Lucas 6.
6-11. Jesus estava ensinando, e não pregando, e o auditório estava lá
preso com as palavras de Cristo. E um homem estava presente com a mão
ressequida igual a um palito. E o homem levantou-se após a ordem de Jesus. E
Jesus deu uma segunda ordem: “fique em pé”, disse Jesus. Ou seja, uma coisa é
se levantar diante do desânimo de viver uma vida sem poder trabalhar, pois na
época de Jesus o que mais contava era o trabalho braçal, e outra é continuar em
pé, que é justamente o mostrar ânimo e firmeza. E houve uma terceira ordem:
para ele ficar no meio. Ora, quem sabe esse homem era um desequilibrado à
direita ou à esquerda. Jesus manda o jovem voltar ao meio. E a última ordem foi
para ele estender a mão. Essa história como metáfora ilustra a necessidade de
ficarmos no centro. Ou seja, desviar à direita é exagerar do lado certo. E
desviar à esquerda é o desvio do revoltado. O equilíbrio é o ponto para evitar
o erro.
04)
Quando se fala de pentecostalismo qual (is) é (são) o (s) livro (s), além da
Bíblia, que o senhor considera como essencial para entender esse Movimento? E
aí pergunto tanto em língua inglesa como em português.
Eu
recomendo os livros do Dr. Stanley M. Horton. Outro livro que recomendo é o
“Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais” (CPAD) editado pelo Rev.
Thomas E. Trask. É muito bom. Eu também sugiro o livro “Verdades
Pentecostais” (CPAD), de minha autoria. Eu estou, inclusive, ampliando essa
obra. Ela já era um resumo de uma obra maior sobre o assunto e, agora, continuo
a ampliar o restante não publicado. E essa obra nasceu até como uma resposta às
distorções do Movimento da Fé. E estou com três livros no forno que talvez
sejam publicados neste ano. Uma das obras será sobre a família cristã e um outro
sobre os paradoxos da Bíblia.
05)
O seu livro “O Fruto do Espírito” (CPAD) foi primeiramente publicado em inglês
em 1984. O livro até hoje é referência sobre o assunto. Como foi o processo de
escrita dessa obra? E por que esse assunto é relevante para o cristão
pentecostal?
Na
verdade não é a tradução de um livro, mas apenas parte de um trabalho didático
de mais de 800 páginas que escrevi para uma universidade assembleiana dos Estados
Unidos. O original é um comentário de Gálatas 5.22. O que temos aqui é apenas
um resumo, uma parte.
O
fruto do Espírito é um assunto essencial para o cristão. Por exemplo, entre os
gomos do fruto temos a bondade e a benignidade. E alguém pode perguntar: qual é
a diferença? Vamos ao grego. A benignidade no grego é a disposição eterna de
fazer o bem. Deus sempre está sempre disposto a fazer o bem e nunca o mal.
Assim é o cristão benigno. É um impulso, uma disposição para o bem. Já a
bondade é a prática do bem.
06)
Como foi trabalhar com Donald Stamps na edição da Bíblia de Estudo Pentecostal
(BEP)? E como era sua relação de amizade com Stanley M. Horton que faleceu
recentemente?
Na
metade da década de 1970 chegou ao Brasil um missionário chamado Donald Stamps.
Ele foi morar em Campinas (SP). E na época eu estava morando em Campinas para
trabalhar na EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus). E
ficamos amigos. Eu orientava Stamps no aprendizado do português e, também, o
ajudei a conhecer pelo país a liderança pentecostal. Todo missionário, segundo
as normas do Concílio norte-americano, precisava tomar essa atitudes. E certa
vez, durante essas viagens, o irmão Stamps me falou: “Irmão Gilberto, estou
percebendo que no Brasil há uma deficiência da liderança pentecostal com o
conhecimento básico das nossas crenças”. E ele me disse que já tinha conseguido
patrocínio com os norte-americanos para compor uma Bíblia de Estudo. E ele me
pediu ajuda, especialmente com a tradução das notas, mas na ocasião não pude
aceitar esse desafio.
Stamps
levou a ideia do projeto ao seu chefe no setor de missões da Assembleia de Deus
norte-americana. E ele disse: “Stamps, esse projeto não pode ficar restrito ao
Brasil”. A ideia do projeto era justamente trabalhar uma Bíblia onde o assunto
central era o trabalho do Espírito Santo com notas simples e práticas. E foi
uma Bíblia feita com muita preocupação com o original grego e hebraico. Eu
falava a Stamps sobre as regras da Sociedade Bíblica para que as notas não
soassem infantis ao destoar com os originais. Quem ajudou Stamps com a tradução
foi o Rev. Gordon Chown.
Quando
Stamps acabou de escrever as notas do Novo Testamento ele começou as notas do
Antigo Testamento. O projeto durou anos. No final, após sete dias da última
nota escrita para o livro de Malaquias, Stamps morreu vítima de um câncer. Na
ocasião eu estava nos Estados Unidos. Tive, após essa perda inestimável, a
missão de continuar o projeto da Bíblia de Estudo. Pedi autorização do pastor
José Wellington e ele me deu apoio para continuar o projeto. No total, o
projeto durou 10 anos. E hoje a BEP está em 28 idiomas e é uma bíblia de estudo
mundial que nasceu no Brasil.
O
nome “pentecostal” não é por causa da Igreja Assembleia de Deus, mas sim porque
o tema das notas gira em torno da pessoa e obra do Espírito Santo. No inglês é full
life, mas não ficaria bem em português uma tradução literal para “vida
plena”. Foi fruto de muitas horas de estudo e pela visão do irmão Stamps.
E sobre Stanley
M. Horton eu felizmente o conhecia bem. Era um irmão querido. Alguns meses antes
da morte dele consegui visita-lo em sua casa em Missouri (EUA). A Assembleia de
Deus norte-americana mantém uma vila para pastores aposentadores e fui até lá.
Ele ficou muito alegre com minha visita.
07)
Muitos pentecostais, inclusive pastores, continuam a propagar movimentos
estranhos como “unção do riso”, “cair no Espírito”, “nova unção”, “atos
proféticos” etc. No sentido de aconselhamento, se o leitor dessa entrevista
congrega numa igreja assim qual deve ser a atitude dele?
Em
primeiro lugar, eu só aconselharia se eu conhecesse a pessoa ou se eu fosse
solicitado a fazê-lo. É necessário cuidado para não ferir sensibilidades. Mas
esses movimentos são frutos de falta de erudição e é difícil combatê-los, pois
as pessoas acreditam nisso como uma verdade. Ora, “nova unção” não existe na
Bíblia, o “cair no espírito” não está na Bíblia. O termo até existe, mas não no
sentido de cair em massa no culto. O caminho correto nesses casos é fazer o que
Jesus mandou, ou seja, discipular. Mas sabemos que discipular dá trabalho. Uma
das maiores dificuldades das Assembleias de Deus no Brasil é o discipulado, mas
falo do discipulado bíblico. Muitas vezes as pessoas estão até em salas de
discipulado, mas não estão aprendendo a “seguir a Cristo”, ou seja, a serem
pessoas que perseveram até o fim. O termo no original é muito forte, pois o
verbo “seguir” está como em 1 João 2.6, ou seja, é alguém que anda “também”
como Jesus andou. Muitas aulas de discipulado não passam até de entretenimento,
música e alguma oração, mas nada de ensinamento. É necessário um despertamento
na área de discipulado. Além disso, é preciso passar pelo batismo nas águas
conhecendo bem a doutrina do batismo para que esse ato não seja mero mergulho.
Outro passo importante no discipulado é buscar a plenitude do Espírito, é
buscar sempre o conhecimento das Escrituras e, também, é necessário um
apego no congregar. O nosso discipulado precisa urgentemente de despertamento.
08)
O senhor foi um dos primeiros pastores assembleianos a ter a coragem de
diferenciar “doutrina” de “usos e costumes”. Infelizmente, ainda há igrejas
assembleianas que ensinam que determinado costume santifica o crente, como se a
santificação fosse um processo de fora para dentro. Com equilíbrio que lhe é
característico, como o senhor aconselharia um crente que congrega numa igreja
legalista?
Eu
tenho uma obra não publicada sobre isso. É uma obra sobre doutrina bíblica e
costumes humanos. É necessário voltarmos para Tito 2.10, pois ali vemos bem o
termo “doutrina” muito bem definido. Porém, doutrina é teoria. A doutrina
precisa transparecer em um bom costume. Todavia, é necessário todo cuidado para
não transmitir a ideia que o costume seja salvífico. Costume não salva ninguém.
A salvação está em Cristo. O costume deve apenas refletir a boa doutrina.
9)
Na sua opinião, qual é o maior desafio do pentecostalismo no século XXI?
O
maior desafio é centrar-se na Palavra de Deus sem pender para os extremos da
direita ou da esquerda. A esquerda é o lado do erro. A direita o é lado do
acerto extremado. Devemos evitar ambos. Em Joel 2.28 está escrito: “Derramarei
o meu Espírito”. Aqui o artigo é enfático e diferente de Atos, pois lá está
escrito “do meu Espírito” (2.17). E o que isso significa? O artigo enfático no
hebraico significa algo permanente, em profusão, e é real. Em Atos o “do” não
enfático já denota uma profusão parcial. Portanto, o que temos em Atos é apenas
em parte. Entendo nisso que haverá no final dos tempos um grande avivamento
complementando a promessa de Deus para o profeta Joel. É um avivamento
soberano, não produzido pelos homens, mas onde todos serão tomados por essa
maravilha de Deus. Eu sou defensor dessa ideia a partir de uma leitura
original. Um avivamento maior virá e, eu
até entendo, que influenciará a Igreja Católica positivamente. Será como um rio
que toma tudo e destrói o que está na frente como quem varre com violência, mas
no sentido positivo. A minha mensagem é positiva.
Fonte: http://www.teologiapentecostal.com/2015/03/erudicao-e-piedade-uma-entrevista-com-o.html